Indo de Bauru para Campinas, em 08/06/2012
Olhando pela janela, acho que para pensar no que se vai escrever é melhor ouvir música estrangeira.
Essa viagem pode demorar mais porque há muita neblina na estrada.
Essa estrada poderia estar melhor, para que minha letra não ficasse assim tão tremida.
Essa estrada tremida pode demorar e acabar dando em lugar algum.
...
Os campos estão cobertos de neblina,
Olho para cima e para baixo,
Olho para cima e para baixo,
Enquanto passo rápido por eles,
Penso nas pessoas, ausentes agora,
Que passam suas vidas por aqui.
Ah, essas pessoas dos campos...
Ah, essas pessoas dos campos...
...
Voltando de Campinas para Bauru, em 10/06/2012
O que eu sinto mesmo, de mais relevante,
para a minha cara de pária, meu abobalhado semblante,
é um desconforto oco, daqueles que se sente na ausência de si.
Por mais que pareça, que o que merece essa bossa é descrença,
Por mais que pareça, que o que merece essa bossa é descrença,
Guardo, mui verdadeiro, aqui calado comigo,
Acima de tudo uma fé e um sentido,
De que um dia não será mais assim.
Antevejo, ainda que pálido e imensamente distante,
Acima de tudo uma fé e um sentido,
De que um dia não será mais assim.
Antevejo, ainda que pálido e imensamente distante,
Um tênue fio de luz,
Capaz de conduzir-me até mim.
Por isso, por mais que esse chão movediço me trague,
Pra esse ou aquele inferno,
Capaz de conduzir-me até mim.
Por isso, por mais que esse chão movediço me trague,
Pra esse ou aquele inferno,
Me ergo, acima do acabamento de minhas finitas forças,
Tateio, esocoro-me e subo, para a beira do abismo.
Insisto em seguir, vidrado, mesmo que confuso e perdido,
Tateio, esocoro-me e subo, para a beira do abismo.
Insisto em seguir, vidrado, mesmo que confuso e perdido,
Indo atrás da luz de vapor, do cordão prateado,
Desse fio esmaecido de esperança, passo em eterna dança,
Ah, essa marcha desdobrada do avesso e para sempre,
Nunca até o fim.
Ah, essa marcha desdobrada do avesso e para sempre,
Nunca até o fim.
...
Sim, eu fico sim, muitíssimo feliz,
Que a musa assim, sem avisar,
Me visite para contar,
Que ainda existe uma lira em mim.
Rogério Farias
Que a musa assim, sem avisar,
Me visite para contar,
Que ainda existe uma lira em mim.
Rogério Farias
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