
Tenho sede,
nessa tarde quente em que o sol racha os pensamentos ao meio,
estou ansioso para não ter receios,
com vontade de não me render à preguiça,
para não deixar, que o amarelo enfadonho, das horas sem motivação,
venha me mumificar e expor-me num museu.
Cheio de vontade de ter idéias,
embora elas ainda passem, sem deixar a exata lembrança,
do que eu precisava, para não as esquecer.
Cansado,
de ler textos cheios de pretensão,
de serem letras cultas ou descoladas,
algo que se deve ler.
Me sinto,
dobrado ao meio e desbotado,
surrado e gasto da vida,
igual as boas calças jeans.
Assim,
passando a mão no rosto pra ficar acordado,
pra não ter aqueles meio-sonhos,
misturados com flashs do cotidiano sacal.
Meio enjoado,
como se um reflexo cegante do sol num espelho,
me despertasse forte ânsia, pra vomitar.
Até que não seria mal.
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As vezes,
essas coisas e estados comuns não são suportáveis,
nosso corpo dói e arde por um pouco de vida,
mais intensa e sentida, mais cheia de vontade.
Quero tomar um susto,
quero ser o vilão injusto sentenciando os inocentes,
levar um murro que me quebre a cara,
acordar da inconsciência sem saber pra onde ir.
Esconder-me,de perseguidores à espreita, de cães a rosnar,
sussurrar perigosos segredos, mortais ou nem tanto,
descerrar o manto, fazer cair o véu.
Sair,
correndo entre becos escuros, caindo e levandando,
respirar cansado, sedento, sem alento,
desesperar-me até gelar a espinha, cegar e ruir.
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Depois,
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Depois,
tudo isso que não foi, mas é como se sim,
fica aqui comigo, parte de mim,
me enevôa e ritma a mente,
entre louco e indecente,
me conforta pra dormir.