24 outubro 2008

Mares




Olha!Quão profundo é o oceano,
Que margeia tuas praias,
Que reflete nos teus olhos,
Um pouco do azul,
Que mora, dentro de você.

Ouve, o som das ondas,
Também batem às pedras,
Em votos de saúde e paz,
Eu daqui, desejo-lhe tudo isso e mais.
...
Eu te desejo,
Um pouco pro mundo,
Outro pouco pra mim,
todas as partes, pra si.

Também te desejo,
Que o desejo não a escravise,
Mas também não te deixe,
Em apatia, ou deslise, enfim.

Que sua alma, feito caleidoscópio,
experientente a doçura do ópio,
A muitas coisas se permita e principie,
Mas em nada, nunca se vicie.
...
Eu te agradeço a companhia,
Que mesmo rara e as vezes fria,
Nunca nos deixe numa história vazia,
Nosso baile, nunca chegue ao fim.
...
Peço que sofra, mesmo sendo feliz,
Cuide que também os que te acompanham,
Não se percam em ilusões demais,
Mas se assim for, também não os deixe,
Pra trás.
...
Pra trás não fique nada de essencial,
Pra frente, tudo que ainda brilha os olhos,
Por dentro e pra fora toda a festa,
Que sua vida vem coroar.

17 outubro 2008

Graça da Esperança


Como é difícil enfrentar a nós mesmos,
Com todo o brilho do ego que nos cega,
Com toda a proteção dos medos,
Que nos emburrece demais.

Como é simples enxergar a falha e desgraça alheia,
Mas não o que ela permeia,
Enviesado, dentro de nosso peito.

Ai! Que dor, esse defeito!
Não! Volta esses olhos acusadores pra lá!
Quem é você pra falar?
Quem sou eu pra reconhecer essa chaga que há em mim...

Deixa, deixa que não há porque nisso mexer...

Decerto, que se não houver alarde,
Essa chama que arde, esfriará enfim,
Decerto, se aos olhos não for tão claro,
Se cobrir de camadas de mentira e omissão,
Não terei de lançar mão, de mudar alguma coisa por aqui.

Salva-me Deus, façamos assim, um acordo bom,
Que, se eu me humilhar a ponto de ter fé em ti,
Que não tenha mais que temer a nada, nem a ninguém,
Sobretudo, que eu não tenha que sentir dor,
Nem mudar, um fio de cabelo que seja, em mim.

14 outubro 2008

Cansa




Cansa
ver que tudo muda, mas na maioria das vezes é uma casca que cai, ou é trocada. A essência, que é o que importa, continua lá, intocada.

O desprezo pela mesmice vira propaganda pra gente admirar-se da originalidade, da última sacada de marketing e a oferta real de benefício é uma corrida sem fim, pra seduzir a gente, a consumir mais.

A gente, que fica tonto, de tanto que não sabe mais, viver sem ser consumidor. Mesmo que o mundo esteja ruindo, sobre a estrutura podre dessa marcha fúnebre gloriosa do consumo. Estamos de novo boiando na superfície, ok ... mas deseperados de terror por saber que logo iremos afundar?

A pergunta é: Se a injeção de dinheiro dos governos nos bancos privados vai estancar a hemorragia?
É essa a melhor pergunta que podemos nos fazer, atônitos e desesperados, chorando como crianças e pedindo no escuro que alguém afaste o monstro que nos ameaça?!

O caminho da tomada de consciência e da revisão de valores está, cada vez mais obviamente em nossas mãos.
Nossas mão comuns que trabalham e sustentam as famílias, que sustentam os bancos e empresas. Mãos que já vem revolucionando a lógica da informação no mundo através da internet e das redes sociais.

Passando do senso de poder que experimentamos hoje, para a consciência, e dessa para a atitude ética, a somatória magnífica de cada um desperdiçando menos, consumindo com inteligência e valorizando a vida é ...

Então, a Crise Mundial é de que mesmo?

21 agosto 2008

Vem com graça





Sem querer, de tanto que já não acreditava mais, a Mudança chegou,
Acho mesmo que nem a percebi direito, visto que me era estranha demais.
Assim como alguém que incomoda,
Chama a atenção de leve e interessa,

Começou a surgir e assim que percebida,
Ficou se fazendo de indiferente pra não me assustar.

Cheia de possibilidades e promessas,
Me encanta e me estressa,
Abre meu coração e eu fujo,
de medo de não conseguir.

Depois, feito criança que tem-medo-mas-não-tem-vergonha,
Eu volto, rodeio, espio, de canto, fazendo que nem aí.

Ela, toda-toda, me confunde, com risinhos e rosto virado,
Me coloca ansioso e cansado, esperando poder tocá-la.

Pra uns, deve parecer que o que eu queria mesmo com essa dona,
É uma farra, daquelas bem boas de se esputricar,
Ou que minhas juntas travadas e idade acumulada, não me permitem mais.

Outros, podem rir de minha inibição em tomá-la.
Não importa.
Agora que dela, já estou enamorado,
Apenas a nós dois importa, como estaremos e o que virá.

02 agosto 2008

Vergonha

Isso ném é o tipo de coisa que eu escrevo, mas, enfim...

Tem uma letra de música do Tim Maia que eu adoro. Me faz sentir uma coisa esquisita, vontade de chorar e de rir:

"Venha ser a companheira esperada
Corpos juntos, mãos dadas
Preciso de você
E sinta lá de dentro a vontade
Meu olhar é verdade, eu quero só você"

Ai...vergonha alheia de mim mesmo.
:D

31 julho 2008

Cadente



Queria que tudo tendesse a menos,
mínimo, pouco, leve, quase nada.


Queria que quase nenhum barulho fosse audível,
que o que eu pudesse ouvir, fosse murmúrio,
queria que todo bairro fosse subúrbio,
que toda música fosse bossa-nova.

Queria comer pouco, de salada e sopa me bastar,
queria andar firme, mas devagar,
que a pressa nunca me tomasse,
e ter que por a mão no peito pra ver se ainda bate.

Deixar a todos a quem olhasse, um olhar,
como se não fosse, que passa e já esqueceu,
lembrar-me pouco e vagamente,
não ser demente, não, mas em tudo fugaz.

Tomar muita água e respirar muito ar,
para todo veneno, do corpo e da alma, dissolver,
desdizer, sem nem perceber o que fiz,
mais feliz não poderia ser.


Assim, quando estivesse por esse berço cálido tomado,
vida escolhida e cultivada sem transtornos, sem igual,
poderia sentir a emoção de desejar um arroubo,
paixão de cinco minutos, que a gente suspira,
mas bem feliz, deixa passar, sim senhor.

21 junho 2008

Depois de tudo que aconteceu



Fiquei ali, me remoendo em remorços,
azedo pelos maus tratos.

Me perguntando, idiota:
_Por que você não volta?
_Por que não parto eu?!
...
_Por que todo mundo foi,
cada um, para o lado de ninguém?

Por quanto? Por quem?

Insinuei dois dedilhados,
três batidas secas, pra me confortar,
tórax caixa de som...
_Ai, como me falta o bom tom...

Meu coração apertado,
revoltoso, embora mirrado,
não fez-se de rogado,
arrebentou as costelas,
vazou pra fora do peito.

Com cara de indignado,
deu a volta ao meu redor,
mirou-me sem respeito,
deixou claro não gostar do que viu,
disse:
_Adeus!
e partiu.

Eu fiquei ali, vazio,
meio sem jeito, meio suspeito,
a duvidar de tudo e de mim.

Depois de muito tempo confuso,
amontoei minha trouxa e fui,
andando pelo mundo,
a estranhar tudo que era sentimento,
por fora e por dentro,
não tinha mais porque me iludir.

25 maio 2008

Decido

Eu escolho ficar com você,
Mesmo sem saber por quanto tempo isso será possível.

Aceito olhar para os lados, disperso,
Me preocupar em como se sente, mesmo que não vá te perguntar.

Aceito esperar pra saber como será,
Desejo não ter pressa de responder, pra poder me surpreender e sorrir.

Fico sozinho, bem acompanhado pela sua ausência,
Cheio de vontade de saber esperar, até a hora que não puder mais.

Eu vou ver as histórias, ver as passagens e me lembrar,
Pra te contar depois, pra ficar simples assim.

04 maio 2008

Hei, deixa...




Será que você sabe me dizer,
O que quer que seja,
Que me deixe, sem quereres?

O que me mova de mim,
O que me leve a alguém,
Que seja simples e breve,
Que me pague o que deve,
Depois disso, qualquer coisa será.

Você pode me dar um roteiro,
De estradas preu não chegar,
De filme, que eu não possa ver,
Você pode me deixar uma falta, confortável.

Até, que o momento antes do começo,
Chegue para me fazer saber, que é hora,
Até que não mais me canse a demora,
Até sem palavras, tenho que te dizer.

Falar de uma novidade e um começo,
Esqueço, nem sei mesmo o que,
Sentir o estômago frio por desconhecer,
Deixar que todos ao redor, não sejam mais,
Nem menos, muito indiferente pra não ver,
Não posso deixar, de me pegar a me perder.

Se assim me dá, não há o que eu possa perder,
Se perder tão terei mais, o que dizer,
Se não souber, se vou, ou se fico,
Insisto, em não mais desperdiçar,
Deixo prá lá, minha vontade de esperar,
Aceno o sinal combinado pra te trazer.

Até depois do fim do dia,
Te chamo pra raiar o sol comigo,
Em qualquer intervalo de tempo,
Em que possa me responder,
O segredo do desejo, a história,
Que vamos escrever.

29 abril 2008

Digam por mim




Tem tanta coisa que eu ainda tenho que aprender,
Tanta coisa que eu ainda não sei direito e nem errado,
De tudo que ainda falta, o que me basta nessas horas,
São as músicas que mesmo não dizendo, falam, enfim.

"Só uma palavra me devora
Aquela que meu coraçao não diz..."

"As aparências enganam,
Aos que odeiam e aos que amam,
Poque o amor e o ódio,
Se irmanam na geleira das paixões..."

As vezes, rir e chorar ao mesmo tempo, não é engraçado.

Nem triste.

19 abril 2008

Mais nenhuma rima preciso ter

Sou finalista desse mês no Levis´s be Original com esse texto.
Gostou? Vote em mim: http://www.levisbeoriginal.com.br/#projects/838



Às vezes parece que a vida não desce,
não sobe, não cresce e aparece.

Às vezes parece que tem um engasgo perdido,
no espaço entre o estômago e o ouvido,
faz eco e aperta o peito, parece defeito,
incomoda essa aflição sem jeito, sem sentido.

Em algo do que ouço e vejo, parece que se enseja um desejo,
começo a me interessar, um olhar, um lampejo,
algumas idéias em rodopio, sinistro,
pergunto-me se confio, se insisto.

Tenho vontade de olhar o mar e mergulhar,
vontade de não deixar, a onda vir e voltar,
sentir-me imerso, de todo envolvido,
mas me pego disperso, em memórias, ressentido.

_Ah, quem quer que me ouça, que transtorno descabido!
parece-me coração de louça, mal colado depois de partido,
não entendo, não me parece ter porque,
então me lembro, de uma figura, que pode ser você.

Você, que foram tantas pessoas ao longo da minha vida,
parece perfeito achar essa acolhida, para um não sei quem, nem o que,
ótima maneira de ter um objeto, responsável pela ferida,
muito conveniente me esconder no dejeto, ter um algoz, nessa lida.

Quase me basta essa mentira, quase me convenço, a me perder,
tão assim decidido, parece que sofro, mas não posso deixar de escarnecer,
_Ora que vexamosa essa postura, não me venha, que não dura,
esse lamento meloso, esse nhenhenhém seboso, nem vem que não tem!

Salva-me mais uma vez, de mim, meu companheiro, o riso,
dá-me voltas sem fim, para o alívio, o remédio preciso,
solta-me as amarras dos músculos, infla meu pulmão preu respirar,
espreme meus furúnculos, aplica-me unguento, pra me curar.
Rio então, riso que corre caudaloso...mais nenhuma rima preciso ter.

Você e




Morrer são duas coisas que me interessam. Definitivamente.
A morte pela sua inevitabilidade, mas em especial pelo seu aspecto de sombra do viver.
Sobre você, eu poderia dizer, mas ainda não sei bem o que.
Então eu falo sobre morrer.

Morrer como processo contínuo.
Morrer como envelhecimento.
Morrer como transformação.
Morrer para desapegar-me.
Morrer para transitar entre mundos.
Morrer para mergulhar no esquecimento profundo.

Agora que eu desejo a vida de uma forma completamente nova, a morte me cai bem.
Para cima e para baixo, escorregando por escadas em espiral.

Vou deixar para você um sorriso escondido no meio dessas palavras estranhas.
Vou dizer que me assanha saber o quanto a gente se entendeu antes mesmo deu entender.

Dobro duas folhas de papel em um origami improvável.
Sopro no ar, balançando um móbile imaginário.
Danço com a cabeça, lembrando do seu rosto.
Acaricio meu próprio ombro, como se não fosse.
Me entrego a preguiça de levantar, mais uma vez.
Venho até aqui e dedico tudo isso a você.

06 abril 2008

Eu preciso




Morrer.


Essa passagem é por demais importante e não pode mais ser adiada.

Garantirei a morte, destituindo-a de adjetivos e sendo indiferente à dor.

No funeral não serão aceitas pessoas de preto, de branco, ou mesmo nuas.

09 março 2008

Seguir

Por mais que eu erre e me perca, agora não vou desistir.
Por mais que pareça descabido eu dizer isso assim e aqui, me serve.

Esse tempo de enganos e fugas está para passar,
Sou capaz de insistir e chamar a resistência.

Saudações companhias que sobem a ravina,
Vamos erguer nossa flâmula e para a vitória partir.

26 fevereiro 2008

Posfácio

Parece que minhas palavras apenas tangenciam tudo aquilo que ainda serei capaz de dizer. A novidade é que isso não me assusta, pelo contrário, deleita.

Ficarei aqui, em intensa espreita, pelo que ainda há de vir. Procuro estar alerta para que não me escape mais o sentido, para que não me perca demais, na melancolia confortante que me sustenta, desde que me conheço por mim.

Por isso, estendo minha gratidão aos companheiros e amigos, que dividiram esse dias únicos comigo. Em especial atenção, àqueles generosos que me levaram consigo, que me deram acolhida e abrigo, que me cederam seu ingresso, pela prioridade de cuidar do futuro de uma vida que começa agora e com a qual, um dia, poderei compartilhar o que recebi.

18 fevereiro 2008

Ardil de Eros e Thanatos





Alguém me disse que hoje era seu aniversário,
Deveria eu então, dar-lhe parabéns e desejar felicidades.

Mas o clima instável não me garante condições,
Mas o tempo escasso não me estimula a economia.

Fosse a sua vida tão simples, como fantasia,
Fosse ela tão triste, qual soturna melodia,
Algumas rimas perdidas cairiam bem aqui,
Mas não é assim, não será, não tem jeito, não tem vez.

Um presente, sem precedentes, seria sua presença em você,
Mas isso não posso dar-lhe, só sua vontade pode lhe oferecer,
Uma saudação de grande mérito, decerto não vai lhe satisfazer,
Ainda que devesse ser o bastante, não o poderá convencer.

Assim, tudo, de tão precioso, com que já veio ao mundo,
Será que não desdenha como raso, não os perde no profundo?
Se deseja, lhe consome, exausto cai à sombra conformado,
Se despreza, cega e aflige a alma dos que tem, por prazer?

Em tudo o que vejo, me parece surgir um brilho apagado,
Um barulho exagerado, ou sussurro perdido, que não se pode entender.

Por isso, caro amigo, vou deixar aqui, só a intenção de um sentido,
Um desafio bem urdido, ademais, a boa sorte e "alfiderzen".

04 fevereiro 2008

Vou te contar...




Não é mais possível ficar.

Outro envolvimento com o tempo,
Faz-se necessário e urgente,
Um modo de vida mais claro e decente.

Azedumes tiveram sua vez,
Agora a tristeza embarcará,
Mas ficará ao seu canto, quieta.

A partida é triste para todos,
Mas faz-se necessária para o bem,
Se não for o geral da nação, foda-se, também.

...

Olha, se bem, que, pra ser sincero,
Ainda não tá assim não viu, tão decidido,
Tô mais pra intervalo antes do segundo tempo.

01 fevereiro 2008

A última palavra


Ian Curtis foi Vocalista de uma banda muito deprê, o Joy Division.
Mas essa banda deprê também era excelete e influienciou meio mundo do rock com seu som.


Tenho que te dizer que algumas pessoas apenas nascem,
Tenho que te dizer que preciso escrever músicas inspiradoras,
Preciso sangrar uns prantos amargos, agressivos e sombrios,
Estampar alguma visão, torpe ou sublime, aos olhos embaçados de rotinas,
Preciso que você se cale e ouça tudo que eu tenho...

Não preciso que esteja aqui, não preciso esperar você,
Posso dar a volta sobre suas pretenções e armadilhas enguiçadas,
Posso dar risada e ouvir que ri também, mesmo sem entender de que,
Estou acostumado a te ver caindo na mesma vala, que Deus te valha,
Você não é mesmo do tipo que pode parar pra entender quem é, você.
...
Até que toda a cinza se vá, baterei os pés, pesados, numa dança,
...até que essa paisagem vasta me inspira! Não posso deixar...
Passar mais um dia vazio, preciso sentir frio, dormir ao relento talvez,
Lançar olhares aos quatro cantos, cansar-me desses pobres tormentos,
Parece fácil, mesmo que tenha que ser à revelia, de qualquer mercê.

Mesmo que as cascas me façam falta, que me dôa a lataria cansada,
Que me lembre e folheie cartas, me perca em fotos amassadas,
Mesmo que agora pareça que eu posso e depois tenha que reconhecer,
Um engano, mais uma esperança vã, herança do que eu não sei, somada ao que eu não quis,
Mesmo que essa sinfonia perdure, depois da música acabar, por quê?! me diz...

29 janeiro 2008

Fica forte mais uma vez




Na hora de ir embora é que a coisa pega,
a verdade se revela, não se pode mais evitar.
Quando algo que já foi nosso, que já tivemos,
não nos deixa esquecer e temos, que admitir a falta que faz.

A cortina que tivemos que baixar,
as luzes que foram apagadas,
folhas, cheias de palavras fortes,
rasgadas, deixadas pra trás.

Poeira acumulada com o vento, memórias carcomidas,
sem alento, vontade de abrir a boca e dizer
antes que a última chance se vá.

...

Perdas sempre podem nos derrubar, mesmo que seja de medo.
Escrevi isso pra você, meio que me lembrando de dias perdidos, de mistérios e segredos, que um dia pudemos partilhar.
Sim, eu também tenho saudades.
Sim a sombra da perda sempre irá nos acompanhar, nos amedronta, mas também dá sentido à vida.
Nos faz cuidar melhor do que temos e criar resistência e força para deixar o que não pudermos mais segurar.

Te amo.

Quirino




Eu deveria escrever isso para dizer de alguma forma, intensa, original, assustadora ou banal: "Feliz aniversário"!

No fim das contas, acaba sendo aquela repetição de velhos clichês, que você é gente boa e especial e tudo e tal.

Não dá pra fugir disso. Então eu tenho mesmo que te dizer que o admiro pela alegria e simplicidade com que encara a vida. Detesto ter que admitir, mas é uma alegria contagiante. Sinto-me contaminado as vezes e tenho que ir ao banheiro respirar fundo e me concentrar para continuar mal humorado...dá trabalho.

Por isso desejo que continue assim (...ai, mais um clichê...) e seja engraçado, esteja gordo ou magro, pq rir das chacotas da vida é um grande presente e você pode dar-se ao luxo de tê-lo, todos os dias.

Desejo também que, por mais desencanado que seja, converse com seus medos e limitações. Entendo que você ache graça em ser candidato a esquizofrênico, mas não gostaria de ver a história da sua vida virando filme para achar que isso é legal. Já que vc gosta de monstros, é bom conversar com os seus, nem que seja para dar-lhes umas coças.

Aproveite para trocar idéias também com os Gorilas, Piratas e Bárbaros Bretões ... já que é rico seu panteão, seja próativo e aumente sempre seu networking (argh!).

Para que todos esses privilégios possam ser desfrutados sempre, não posso deixar de pedir que cuide melhor de sua saúde, faça dieta e leve isso a sério ... mas comece essa chatice amanhã, que hoje é dia de comemorar.

Hoje, hasteie a bandeira de ossos no Monte Quirinal, bata forte e ritmadamente com os punhos fechados, seus pulsos no peito e solte um forte e autêntico grunhido bárbaro.

Parabéns!

19 janeiro 2008

Que chegue logo a despedida


meu amigos estão de férias,
partiram em outras batalhas,
torço que possam vencer.

eu mesmo, não me mexi,
fiquei criando raízes, até apodrecer,
até meu fígado deixar de ser.

indo para outra cidade,
ou ficando aqui, o que precisa mudar,
ainda parece que não pode acontecer.

eu nem sei, tenho que confessar,
sobre quem é essa busca, ou sobre que lugar,
tive vontade mas constatei ainda não encontrar.

deve estar bem escondido,
além de meu entendimento,
não poderia haver melhor esconderijo.

ja me disseram que está no espírito,
eu mesmo já senti que fosse assim,
mas agora, enfim, parece que em nada consigo crer.

já deixei de querer quem despertou meus sentidos,
deixei de esperar também a companhia dos amigos,
as músicas e lágimas ficaram secas e mudas, sem mais.

...

um dia, tudo isso vai,
achei que era logo,
tudo bem, não rogo mais.










14 janeiro 2008

Depois do Baile




Nada mais é como era antes,
Tudo que foi bonito, ou triste,
Agora é eco, recordação.

Perdendo um pouco mais de apego,
Sentindo um pouco mais de medo,
Aprendendo ser mais fácil deixá-lo passar.

Quem eu queria não foi, perdeu-se, esqueceu,
Dissolveu-se no meu desejo, ou foi no seu?
Enfim, não tem pra mais ninguém, esvaneceu.

Agora dança, toda aquela esperança,
Agora descansa de toda a desilusão,
Afina consciência, que ainda te salvará.


04 janeiro 2008

Alpha




Será então a hora do ensaio, parar, enquanto o ano vai chegando ao fim. Serão, enfim.Umas horas ocas, não digo vazias, mas cheias de ecos, reverberando entre as paredes de memoráveis passados e possíveis futuros. Seremos sábios, ou burros, ao nos perdermos do presente, para vagar em tempos que não existem mais, que não se pode prever?

Não sei bem, dizer. Mas agora não me parece, de fato, que pudesse ser diferente. Visto que mesmo duros, ou frios, a gente sente, que depende desses tempos, fora do tempo presente. Para nos situarmos no rumo, para rever o caminho, fugir ao infortúnio, ou encontrar a coragem de partir do zero, por mais amarga que seja a sensação da derrota, se ainda nos bate à porta, a vontade e inconformação, então, terá de ser assim, por você, por mim.

Nesses dias raros, em que sai de minha casa e meu trabalho, para voltar aonde já foi meu lugar, assombra-me uma sensação de conforto junto aos meus, uma tranqüilidade mesmo, assim. Lembro de algumas pessoas, com quem convivo e agora estão distantes, mas essa memória nada me desperta além de um vago sorriso, um olhar para o nada, impreciso e desfocado. Um, sei lá, estado bom de saudade sem desalento.

Outra vez, em muitas das coisas comuns, me surgem acasos que parecem, tão bem cuidados, para me dizer, para não me deixar esquecer. As portas que ainda deixei fechadas, ou entreabertas, balançam com o vento, me chamando. Engraçado que, em outros tempos, esses gemidos e trancos do vento estavam acompanhados do grasnar sombrio de corvos, de gotas de chuva e céu nublado. Agora, apenas ouço o som que passa entre as árvores, da brisa que vira vento, do vento, que ao assobiar não me assunta mais. As portas batem, mas sem reclamar. Na luz estourada do dia, compõe sim um som, arranjo compassado. Não as temo mais, desejo voltar.
Não se trata mais de viagem melancólica ao passado, não mais uma viagem sonhada, em que eu deixe minha vida de lado, não. Vou agora conquistar o que havia deixado para trás e percebo que me é tão caro. Vou agora de peito mais leve encontrar no futuro o que perdi no passado e a vida continuou, obstinada, me ofercer, na praia, todos os dias, mas eu não enxergava. Agora posso ver, ouvir e sentir que me toca aos pés, trazido pela maré, pelos ciclos, os visíveis e desconhecidos.

Nessas horas, sorrio enquanto me espanto, ao viver, as portas surgindo e se transformando em presentes, vindo com as ondas, desmanchando-se em espuma. Eu os toco mais ainda não os sei capturar. Passam entre meus dedos, mas não há de que reclamar. Meu sorriso vira risada, pois só sinto a graça de enxegar e não saber ainda, o que nem como fazer.

Por hora essa risada me basta, irei torná-la muito mais a rir e a dizer.