20 julho 2010

Cai a máscara




Ainda que eu te dissesse alguma coisa,
muito me escaparia,
e desse muito toda a essência se perderia.

Ainda que falasse mais que o necessário,
eu iria falar,
em alto e bom som,
sobre todos os que ficaram e aqueles que sempre vão.

Pouco me restaria, a não ser lamuriar
e dizer, entre dentes e nervosamente:
_Está encerrada, perdoem-me a qualidade do serviço!
_Está encerrada a festa, eu insisto!

(a luz se acenderia, ouviria palmas)

Acenaria um aceno anêmico,
uns sorrisos amarelos e desapaceria,
pronto para retirar-me a meus aposentos e sussurar:
_Chega..

(A 4 mãos, com DriEiko [Salve!])

15 julho 2010

Para meus amigos

Um dia, num tempo que eu ainda não conheço,
minha vontade não terá mais preço,
meu desejo não será mais dono de mim.

Assim, as dobras das palavras e das vontades,
não falarão tão alto ao meu coração,
que restará, vazio, enfim.

Por hora, toda a graça e brilho mais forte,
toda aurora que irrompe num dia,
me coloca em olhares, me faz sentir.

Eu vou, caminhando sozinhamente,
em meio a tantas gentes,
largando no meio-fio, a saudade.

Desse tempo presente, tardio no dia-a-dia,
antecipado na ansiedade, que não é minha,
até que me baste, a falta de palavas para dizer.

Então, só da passagem, só na passagem,
de todo vento e brisa que vai e vem, eu saberei,
que os tenho comigo e nada mais.