
Fiquei ali, me remoendo em remorços,
azedo pelos maus tratos.
Me perguntando, idiota:
_Por que você não volta?
_Por que não parto eu?!
...
_Por que todo mundo foi,
cada um, para o lado de ninguém?
Por quanto? Por quem?
Insinuei dois dedilhados,
três batidas secas, pra me confortar,
tórax caixa de som...
_Ai, como me falta o bom tom...
Meu coração apertado,
revoltoso, embora mirrado,
não fez-se de rogado,
arrebentou as costelas,
vazou pra fora do peito.
Com cara de indignado,
deu a volta ao meu redor,
mirou-me sem respeito,
deixou claro não gostar do que viu,
disse:
_Adeus!
e partiu.
Eu fiquei ali, vazio,
meio sem jeito, meio suspeito,
a duvidar de tudo e de mim.
Depois de muito tempo confuso,
amontoei minha trouxa e fui,
andando pelo mundo,
a estranhar tudo que era sentimento,
por fora e por dentro,
não tinha mais porque me iludir.