14 fevereiro 2007

Poucas palavras


Retoque digital sobre foto:
Valour and Cowardice
Alfred Stevens (1817-1876)

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Semana passada, no Sarau da Pastorarte, um performático "over" distribuiu papeizinhos com mensagens durante sua performance "contundente". Eu ganhei essa:
"O medo tem alguma utilidade, mas a covardia não." Mahatma Gandhi
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Já faz uns dias que eu to me achando estranho e não consigo saber se isso é bom ou ruim.
Uma coisa me agrada, estou ousando em pequenas doses, pensando em ser feliz.
Considerando que eu sou eu, isso já é um puta de um avanço.

11 fevereiro 2007

Amanhã


É dia de começar,
de ter força e boa vontade,
de estar disposto.

É um dia depois da viagem,
quando as lembranças começam a desaparecer.

Pelo menos pra mim, que não vou ficar falando da viagem.

Sou do tipo que não fica falando muito do que aconteceu,
parece que qdo eu contar algo,
aquilo que realmente aconteceu,
acaba de perder a chance de contunuar, tal como foi,
cai enfraquecido pela minha versão dos fatos,
fadada a ser uma visão entre tantas.

Parece um a grande frescura da minha parte, dizer isso,
mas não é, mesmo.

Eu sinto que é dessa forma e contra meu sentimento nada se pode alegar.

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Ao contrário de minha concordância com Zeca Baleiro em um post passado,
agora queria ser feliz, ou triste, tanto faz.

Não queria estar no limbo do fim de uma viagem,
rumo a uma semana "comum".

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Sabia que tinha que escrever sobre isso,
assim que comecei um incômodo foi se dissipando...

Parece que muitas coisas mudam e a vida continua a me surpreender.
Voltar de uma viagem dessas não foi doloroso como de outras vezes.

Conhecer um pouco melhor as pessoas e a mim mesmo,
nunca deixa de ser impressionante, as vezes amargo,
as vezes, de nos fazer sorrir, sempre essencial.

Aquilo tudo que deixamos no passado,
mais, ou menos recente,
pode nos acorrentar, pesar, ressentir...

Muitas vezes me fez melancólico, com medo de perder,
o que, na verdade, já não tinha.

Ai, que graça, toda essa falação minha.

Quanta falta de ritmo e compasso,
Quantas idéias atravessadas, sobre tantas coisas...

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Engraçado como a gente esquece que não esta na vida,
para congelar no feezer e depois esquentar no microondas.

Tudo passa e é essa passagem a razão de sermos assim e aqui.

Aqui são todos os lugares de nossas vidas,
cenários únicos dessa novela,
assim, todos esses sentimentos que temos,
e os outros nunca poderão entender,
agora, é o tempo e toda essa história,
me dizendo que essa é a hora,
de sorrir, calar e em silêncio, dar graças...

Boa noite.

04 fevereiro 2007

Sabe...



Tenho sede,
nessa tarde quente em que o sol racha os pensamentos ao meio,
estou ansioso para não ter receios,
com vontade de não me render à preguiça,
para não deixar, que o amarelo enfadonho, das horas sem motivação,
venha me mumificar e expor-me num museu.

Cheio de vontade de ter idéias,
embora elas ainda passem, sem deixar a exata lembrança,
do que eu precisava, para não as esquecer.

Cansado,
de ler textos cheios de pretensão,
de serem letras cultas ou descoladas,
algo que se deve ler.

Me sinto,
dobrado ao meio e desbotado,
surrado e gasto da vida,
igual as boas calças jeans.

Assim,
passando a mão no rosto pra ficar acordado,
pra não ter aqueles meio-sonhos,
misturados com flashs do cotidiano sacal.

Meio enjoado,
como se um reflexo cegante do sol num espelho,
me despertasse forte ânsia, pra vomitar.

Até que não seria mal.
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As vezes,
essas coisas e estados comuns não são suportáveis,
nosso corpo dói e arde por um pouco de vida,
mais intensa e sentida, mais cheia de vontade.

Quero tomar um susto,
quero ser o vilão injusto sentenciando os inocentes,
levar um murro que me quebre a cara,
acordar da inconsciência sem saber pra onde ir.

Esconder-me,de perseguidores à espreita, de cães a rosnar,
sussurrar perigosos segredos, mortais ou nem tanto,
descerrar o manto, fazer cair o véu.

Sair,
correndo entre becos escuros, caindo e levandando,
respirar cansado, sedento, sem alento,
desesperar-me até gelar a espinha, cegar e ruir.
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Depois,
tudo isso que não foi, mas é como se sim,
fica aqui comigo, parte de mim,
me enevôa e ritma a mente,
entre louco e indecente,
me conforta pra dormir.