24 novembro 2007

Mais nenhuma rima preciso ter


Às vezes parece que a vida não desce,
não sobe, não cresce e aparece.

Às vezes parece que tem um engasgo perdido,
no espaço entre o estômago e o ouvido,
faz eco e aperta o peito, parece defeito,
incomoda essa aflição sem jeito, sem sentido.

Em algo do que ouço e vejo, parece que se enseja um desejo,
começo a me interessar, um olhar, um Lampejo,
algumas idéias em rodopio, sinistro,
pergunto-me se confio, se insisto.

Tenho vontade de olhar o Mar e mergulhar,
vontade de não deixar, a onda vir e voltar,
sentir-me imerso, de todo envolvido,
mas me pego disperso, em memórias, ressentido.

_Ah, quem me ouça, que transtorno descabido!
parece-me coração de louça, mal colado depois de partido,
não entendo, não me parece ter porquê,
então me lembro, de uma figura, que pode ser você.

Você, que foram tantas pessoas ao longo da minha vida,
parece perfeito achar essa acolhida, para um não sei quem, nem o que,
ótima maneira de ter um objeto, responsável pela ferida,
muito conveniente me esconder no dejeto, ter um algoz, nessa lida.

Quase me basta essa mentira, quase me convenço, a me perder,
tão assim decidido, parece que sofro, mas não posso deixar de escarnecer,
_Ora que vexamosa essa postura, não me venha, que não dura,
esse lamento meloso, esse nhenhenhém seboso, nem vem que não tem!

Salva-me mais uma vez, de mim, meu companheiro, o riso,
da-me voltas sem fim, para o alívio, o remédio preciso,
solta-me as amarras dos músculos, infla meu pulmão preu respirar,
espreme meus furúnculos, aplica-me unguento, pra me curar.

Rio então, riso que corre caudaloso...mais nenhuma rima preciso ter.

Variações sobre o mesmo tema


Retoque sobre foto de René Amunssen

eu queria muito que muitas coisas fossem diferentes,
a começar pelo meu querer.

que não me tomasse,
que, para mim, pudesse tanto fazer.

não ter mais as vontades,
deixar de me importar e apenas viver.

estaria pleno, num presente sem sentimentos,
sem mais, lembranças, saudades, planos, bobagens outras quaisquer.

nada de deixar-me arrastar,
extintos os tolos tormentos,
nada para me atrapalhar,
nem para me entreter.

...

ah, sim, bem se vê, quem clama assim, não se contenta com o que quer ter, diria mesmo que, tanto anseia, que perde-se em seu querer.

09 novembro 2007

Farias e Franciscos




Ah, minha senhora,
há quanto tempo...

Quanto sentimento não passou por esse peito,
quantas vezes nao pensei em ti e sei, você em mim.

Agora em fim, irei revê-la e aos meus,
há tanto tempo distantes, ausentes.

Penso em tantas coisas, achando que sei,
achando que quero o bem de vocês.

Tão pouco posso eu saber, tão longe vim viver,
seus olhos me dariam lágrimas, ou desdém.

Bem se sabe, que meu tipinho encardido,
cheio de vontade de saber, só iria se fuder.

Assim eu vou, meio daquele jeito, sem saber,
melhor que abaixe a cabeça e respire fundo.

Que seja suave essa passagem, que seja intensa sua mensagem,
vencidas as estradas, venham as palavras, o olhar, o amor.

06 outubro 2007

Guilhotina




Cabeças irão rolar,
quem sabe assim, saem do lugar,
do qual estão acostumadas a ficar,
envelhecendo sem propósito.

Palavras pra defender,
serão armas descarregadas,
lâminas cegas,
incapazes de ferir.

Convicções adoentadas,
muralhas de paradigmas,
farelentas e instáveis,
farão estrondos, ao ruir.

Expressões impávidas,
estarão mesmo ávidas,
para livrar-se de serem juizes,
do que não podem entender.

Lá fora a dança,
da plebe que clama,
"_Cabeças, cabeças!"
que as possam divertir.

Nos planos invisíveis,
que circundam essa contenda,
as verdadeiras fileiras,
não mediram forças para brandir.

Seus lábaros de mágoas,
rancores encrustrados,
máquinas de guerra aviltantes,
alimentando o caos para destruir.

Remontando à histórias desconhecidas,
profundezas das mentes parvas,
montes de doenças e larvas,
chafurdam refesteladas, em frenesi.

Mas, se de toda essa cena de desconsolo,
surgir o espírito que se curva, sem dolo,
brilhará sobre os destroços, mais que o ouro,
iluminará as ruínas, de onde irão surgir...

A verdade, a compreensão e o perdão.

05 setembro 2007

Com quem?


aquele dia especial se foi,eu nem te liguei,
os dias se foram,a gente nem se falou,
os passos nos levaram,onde desejávamos ir,
partir tornou-se corriqueiro,
banal o adeus, quem sabe um dia, talvez...
...
eu te vi, há poucos dias, mas estranhei,
um jeito, sem jeito, meu e seu,
as palavras que não casavam tão bem,
os olhares que não se encontravam além,
o que era cedo parecia tarde,
mas, sem alarde, me calei,
depois entendi, fiz que não percebi,
enganando a mim, quem sabe, a você
...
o tempo passou,lembrei de você muitas vezes,
falar isso é tão boçal,você não vai acreditar,
mas eu acho, que a vida é mesmo assim,
as vezes a gente quer ouvir música de fossa
as vezes a bosta é fedida,mas a gete não sabe se limpar...
...
as vezes a rima é pobre
e o prazo passou
mas mesmo assim
a gente insite em dizer
por acreditar
que vale a pena
...
sinto sua falta

20 agosto 2007

Mais uma queda



lá se vai...mais uma bastilha a ruir,
mais uma estrutura que não se sustenta,
mais sustos e desassossegos,
vão se embora mais apegos,
as penas que tinham que ser pagas,
estão prestes a acabar e sumir.

lá se vai mais um pouco de ilusão,
desmachando-se e levantando sujeira,
entupindo nossas vias de dores e besteiras,
vai-se o abrigo, por mais opressivo,
pesado que tenha sido, que lastima, amigo,
por quanto tempo pudemos viver aqui!

nesse prenúncio, véspersa da verdadeira queda,
os ventos e silencios, são sussurros e agouros,
os segredos e mistérios, serão descascados de seus ouros,
os gritos de desencontros, as palavras caladas à força,
agora não poderão mais ficar escondidas,
cai o pano, desce o véu, não haverá pra onde fugir.

horas consagradas à morte,
quando os últimos laços irão se partir,
última hora da noite,
última pele para açoite,
regurgito de beladona,
lágrima amarga, mas de alívio e suspiro ao porvir.

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ah...

cada caminho agora terá um sentido mais amplo e a liberdade será a força para reconstruir os destroços deixados pela revolução.

que deus nos abençoe.


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A Atropa belladonna ou simplesmente Beladona é uma planta pertencente ao gênero Atropa bem rara, encontrada em solos húmidos, principalmente a beira de rios, lagos e represas.
Apesar de seu elevado potencial de intoxicação, essa planta é utilizada na produção de alguns medicamentos, devido a presença de um alcalóide chamado atropina em suas folhas.
No Brasil, essa plante é geralmente encontrada em ruínas, quase que passando despercebida, sendo atraída por suas chamativas flores. é uma erva bem rara, cultivada em coleções de botânicos e especialistas.
Devido ao fato de seus frutos, quando ingeridos puros ou na forma de chás, provocarem efeitos psicoativos (alucinações), essa planta é utilizada como droga por algumas pessoas.
Porém a ingestão de quantidades superiores a 5 bagas pode ser mortal. Ela também é matéria prima na formação de um medicamento homeopático que leva seu nome.
(Wikipedia)

01 julho 2007

Para um amigo distante


Esse cara é uma das melhores pessoas que já conheci.
Que mais me ajudou e compreendeu, em minhas maluquices.
Agora está lá nos cafundó, mas espero vê-lo em meu aniversário.
Aproveite que está amando e pare de ficar cuzido-lamentudo.



É assim que começa,
pensando um pouco diferente,
estendendo um silêncio,
pra não dizer por dizer.

Deixando ser mais leve,
sabendo ser mais breve,
até onde ainda não fui,
um passo mais, pra aprender.

Vê? Sempre que a vida confirma,
se tem você que passar,
depressa demais,
perde a chance de estar presente, em si,
de tanto desejar o que escorre pelas mãos.

Ora, claro, pode valer-se de um anteparo,
espelho de cristal raro, lata que reflita,
ou ainda sua consciência, que lhe permita ver,
sentir-se humano e saber-se assim.

18 junho 2007

Estava louco


Para achar alguém,
que me salvasse,
mas era só bobagem,
pois quem tem que me salvar,

sou eu.

08 junho 2007

Se você adivinhar, não vai nem acreditar


Não que eu não tenha nada interessante para dizer.
Mas agora está meio entalado, meio verde.

Não está na hora.

Engraçado isso.


Eu sei que não saber o que falar agora é um momento que também faz parte de todas essas mudanças.

O que me dá essa certeza?
Ouvir a Elis cantando:
"Mesmo que eu mande em garrafas, mensagens por todo o mar..."


Perfeito.

28 maio 2007

Não há de que


Retoque sobre foto de banco de imagem.

Tanto dizer ou considerar,
já que não é por você,
pra que se interessar?
já que realmente passou a dor da lixa,
que te ardia e abrasava.

Ah sim, Deus, graças,
que eu possa um pouco mais respirar tranquilo,
que eu não me esqueça mais de como é bom,
ser, assim, simples,
estar aqui,
olhar tudo isso e rir.

A chacota que não me cabe mais,
deixa de dar a esse riso um tempêro,
mas que incrível atropelo,
da volta da vida, sobre mim,
que já não tenho mais,
que tanto querer, nem sofrer,
nem riso insidioso, que rir.

......................................................

Mesmo muito cansado, de um dia comprido demais, não pude deixar de passar por aqui.
Mais uma vez me espanta a forma como as mudanças estão chegando e ganhando terreno.
Não havia ainda me tocado que é exatamente da palavra desapego, que se trata o momento.
Olha, que de tão incrível essa liberdade, ouso dizer que ainda não lhe senti direito nem o gostinho, pois parece ter um paladar inigualável.

......................................................

Ah! Não me olhe assim,
não me fale torto,
não me falta um porto,
não me diga não,
só por dizer...

Eu aqui, você ai,
quando tiver bons modos,
terá convite,
se não souber se portar,
deixo o tempo passar,
que você em seu terreno,
há de descobrir o que precisa,
para poder partilhar,
e ser feliz.

20 maio 2007

Falta


Retoque sobre estudo de Daniel Furtado

Pouco para o fim do domingo,
Pouco que ainda possa guardar,

Faltam algumas presenças,
Mesmo que já não as queira mais,

Palavras, faltam também,
Falta compreensão e paciência,

Creio que me falta mesmo é a decência,
De deixar passar.

....................................................................

Desejava sim, um remédio raro,
que não me fosse caro,
que eu pudesse ter,
que pudesse me curar,
me dar um brilho nesses olhos, embotados.

Desejava também não querer a cura,
dar um tempo pra essa cabeça burra,
que teima em não se dar com o coração,
passando as noites em claro, pedindo perdão.

Nem mais queria a sombra e o sono,
um fim talvez, que bom, assim,
partiria satisfeito em abandono.

Até que a vista das areias passadas,
não me fizessem, nada sentir.

Até o fim da estrada.

....................................................................

Bem besta mesmo, tudo isso. Chega.
Pra finalizar no bom tom desse mau gosto, lembrei-me de Joy Division.
Muito bonita essa música. Vai um trecho traduzido.

Love will tear us apart

Quando a rotina corrói forte
E as ambições são pequenas
E o ressentimento voa alto
Mas as emoções não crescerão
E vamos mudando nossos meios
Pegando estradas diferentes

Então o amor
O amor vai nos separar
...

08 maio 2007

Mundano



Acho que eu fiquei tanto tempo e de tal forma afastado de tudo que se refere ao espiritual, que meus canais com o supra/além/místico, estão completamente obstruídos.

Sinto como se tivesse que mergunlhar na Baixa Idade Média da minha relação com o "Algo Maior". Preciso ir aos feudos derramados ao lado dos castelos, recorrer à igreja primitivamente já deturpada, deparar-me e depender humilhado de todo tipo de intermediário do divino.

Olhar assustado para as paredes altas da catedral, sentir o cheiro de velas e incensos e caminhar intimidado, entre o clero assustador, vestido de preto e o semblante pesaroso dos pecadores arrependidos.

Prostrar-me em um banco de madeira sebosa e ouvir o lamento dos cânticos até que o sacerdote chegue solene. Buscar manter a razão de minha busca aflita, mesmo que o santo padre coloque-se a recitar em um indecifrável latim, de frente para o Santíssimo e de costas para a turba confusa e ignorante, nós, os improváveis fiéis.

Se eu quiser falar com Deus...
......................................................................

SE EU QUISER FALAR COM DEUS

Gilberto Gil - 1980

Se eu quiser falar com Deus
Tenho que ficar a sós
Tenho que apagar a luz
Tenho que calar a voz
Tenho que encontrar a paz
Tenho que folgar os nós
Dos sapatos, da gravata
Dos desejos, dos receios
Tenho que esquecer a data
Tenho que perder a conta
Tenho que ter mãos vazias
Ter a alma e o corpo nus
Se eu quiser falar com
DeusTenho que aceitar a dor
Tenho que comer o pão
Que o diabo amassou
Tenho que virar um cão
Tenho que lamber o chão
Dos palácios, dos castelos
Suntuosos do meu sonho
Tenho que me ver tristonho
Tenho que me achar medonho
E apesar de um mal tamanho
Alegrar meu coração
Se eu quiser falar com
DeusTenho que me aventurar
Tenho que subir aos céus
Sem cordas pra segurar
Tenho que dizer adeus
Dar as costas, caminhar
Decidido, pela estrada
Que ao findar vai dar em nada
Nada, nada, nada, nada
Nada, nada, nada, nada
Nada, nada, nada, nada
Do que eu pensava encontrar

30 abril 2007

Ultimato


Castelo de Areia - Recorte de arte surrealista

Então você estará lá, parado,
então não saberá o que,ver, pensar, ou dizer,
poderá agir como um tolo,
ou apenas, como só poderia você,
lata, ou prata, não lhe cabe agora,
talvez não lhe caiba jamais, saber.

Sobre essa sua corte, desmantelada,
o reino de seus domínios, perdido,
como nunca puderam prever,
nessas terras, sem mais castelo,
vagará incerto e muito sério,
tentando desvendar o místério,
de queda, assim, tão radical.

Passará em seu deserto, um exílio,
auxílio único, que poderia aceitar,
coberto de chagas, sedento e com fome,
aprenderá sobre as pragas, que trouxe pra si,
mas elas, que brotarão, de dentro pra fora,
iram se misturar a miragens e memórias,
até que suas, já abaladas, muralhas, possam ruir.

Não vejo daqui, de meu mirante,
mais detalhes, nada nítido, adiante,
por isso temo, o que será seu porvir,
visto ter sido sempre, tão afeito,
a protelações e outros desrrespeitos,
nessa hora, de nada valerá qualquer apego,
terá que estreitar-se consigo, ou sucumbir.
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

Tenho um pouco de medo e outro pouco de vergonha de estar assim, tão cheio de onda e dores morais. Era agora pra eu dizer que tenho tudo pra ser feliz. Nem dizer, que felicidade não se diz.
Mas eu voltei a cavar pra ir mais fundo. Eu vivenciei o inesperado. Tenho sonhado com coisas guardadas há muito tempo. Estou ansioso para ouvir alentos, mas o que me chega, de tão comum, e eu assim, tão bunda-mole, é gelado ou fervente, áspero, estridente.
Tá foda, mas eu sei, é assim.
Depende de nada, só de mim.
Ai, que bosta...
Enfim.

23 abril 2007

Eita!


(Usei essa Fênix para expressar meus sentimentos a uma pessoa que havia perdido seu pai. Achei que pode parecer esquisito, mas me fez muito bem)

Que esse blog quase morre de novo, de tanto tempo que eu fiquei sem postar nada.

Eu sou um cacete mesmo. Empacado. Lento. Eu irrito a mim mesmo de uma forma que nem é bom começar a falar.

Me perco na alienação e aprofudamento exacerbado em mim mesmo. Nas minhas rotinas, nas minhas neuras.

_Veja se pode uma coisa dessas!

Com tanto mundo, com tantas gentes que tem por ai.
..Vai dar uma volta, caramba!
Aposto que vê um rosto azedo, mas também um sorrindo. Nessas ruas tranquilas da cidade que ainda mora, não duvido ter criança brincando na rua, vizinhança fazendo fofoca, uma brisa boa e por-do-sol.

Menino, que preocupações tantas são essas! Cada dia é um dia e se você acumulou tanto o que tem pra fazer, agora não se desespera. Cobre-se mas pondere.

Senão gasta a força toda que tem, só com os nervos apertados, da ânsia de resolver. Tá bom?

Respira e agradece.
Não esquece.

Padece aquele que não sabe viver.

(Socorro, que não fui eu quem escre veu isso! :) )

21 abril 2007

Fígado


Prometeu acorrentado.
Retoque sobre foto:
http://www.h3.dion.ne.jp/~pwonder/prometeus.htm

Não sei se eu primeiro encanei com ele e logo ele não ficou bom, ou se eu estava incoscientemente percebendo alguma coisa.

Mas, enfim, vi que é um bom tema a se explorar:

Receita de pastel de fígado de cabrito (século XVI):
«Tomarão o fígado do cabrito cozido e então ralado mui ralo, e as gemas de ovos duras também assim raladas. Então deitado cravo e canela e açucar, que seja doce, e então uma pouca de farinha peneirada num prato, e tomai aqueles véus do cabrito e fazei-os em pedacinhos, e então o recheio metido naqueles véus fritos como beilhós; então enfarinhados na farinha e fritos na sertã e passados pelo ponto de açucar alto e cobertos de canela por cima.»

Provérbio holandês
"Iets op je lever hebben."
Tradução Literal: "Tendo alguma coisa em seu fígado."
Significado: "Preocupando sobre alguma coisa, e não expressando isto."

Um significado da cor amarela
O primeiro é da origem da palavra: amaro significa amargo. Do latim amaru, que derivou ao baixo latim da Espanha "amarellu", pálido. Os doentes de icterícia ficavam pálidos por alterações na bílis, secreção do fígado, amarga (amara). Esse significado ficou na história da medicina.

Pedras
Tem página que diz que o berilo e a água marinha (pedras semi preciosas) fazem bem ao fígado.

Cabala
Nem sabia que tinha essas coisas na cabala:
Ayin
Alma=Fígado.
Sentido=Raiva



Anatomia secreta at Biosofia
Adorei essa descoberta, tem muita coisa legal, alguns trechos:
"o fígado é o grande gerador de forças, o criador da cólera, da coragem e das virtudes do guerreiro. Ele também é associado à natureza inferior e às qualidades menos nobres da personalidade. Porém, o fígado que não seja sobrecarregado e tenha boas condições de trabalho conseguirá manter o sangue puro, ajudado pelos rins e por toda a equipa de transmutação química do nosso organismo."



"O fígado está simbolicamente associado às provações do caminho espiritual. No mito de Prometeu, o herói rouba o fogo divino de Zeus, activando a espiritualidade humana, mas passa a ter o seu fígado devorado durante cada dia por uma águia. O significado esotérico da história inclui o facto de que, quando alguém se conecta com a energia divina, deve pagar o preço correspondente em termos de purificação pessoal, tarefa chefiada no Plano Físico pelo fígado. No caso da gula, por exemplo, um problema emocional - a busca cega de prazer físico imediato - acarreta um problema físico, um físico sobrecarregado de trabalho, o que repercute sobre a função renal."



( http://biosofia.net/2001/12/22/anatomia-oculta/ )
. . .
Vale a pena pensar sobre,
Vale a pena viver,
Vale não alienar-se,
Vale encontrar um tempo,
Pra melhorar a consciência do que é ser feliz.

Quando meu amigo faz aniversário eu fico feliz?



Sim,
o tempo passa,
à margem de nossa,
tosca percepção,
e a gente fica, assim,
espantado porque já passou,
mais que a metade do dia,
mais que a metade do mês,
quase a metade do ano.

se não me engano,
foi ontem que a gente riu muito,
que fomos àquela viagem inesquecível,
que revimos grandes amigos.
que perdemos contato com alguém especial,
que esquecemos qual era o filme que queríamos rever,
a mensagem que recebemos e guardamos com carinho,
esquecemos de nós mesmos,
por isso, tudo,é possível esquecer
...
então,
é sempre agora a hora,
porque o que já passou, distante,
e o que o futuro nos promete trazer,
serve, sim, em muitos instantes,
mais para nos esquecermos,
para achar e depois perder
....
para, amigo esse relógio,
hoje, rasga a agenda,
desliga o telefone,
vamos beber
...
fazer uma farra pequena,
em sua homenagem,
traz sua menina, a galera e toda bagagem,
o que vale a pena, a gente há de lembrar,
felizes na bebedeira de mais um ano que completa,
muitos outros futuros, sonhar e prometer.
...
Essa foi para o aniversário do meu Amigo.
Pena...eu não tava legal e até parece que fui incoerente com o que escrevi.
Sei lá, não era o que eu queria.
Ontem tava passando mal mesmo, hoje não to mas parece que meu humor tá bem do avesso.
Pq? Não sei e sei...minha cabeça não para e tem tanta coisa que passa, conflitos internos, perrengues externos...só de falar parece que o fígado já começa a arder.
Mas tá, tudo bem...eu vou dar um jeito, uns jeitos, quem sabe, talvez.

19 março 2007

CUMPLEAÑOS


Por esses dias fizeram aniversário a Lívia, a Eiko e o Davi.
Eu comecei essas palavras pra um, mas acabaram por estender-se aos três.
Cabe-lhes, no meu entendimento e também a mim, quem sabe, a você...
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É.
...
O tempo passa, a gente envelhece,o mundo muda.
Só não muda, a verdade absoluta, de que nada será como antes.
Os dias, ora queimam rápido, ora são longos, locomotivas a se arrastar.
As estações podem ter ficado longe, longe, tudo aquilo que não pudemos levar,olhar para trás não trará nada ao antigo lugar.
...
O risco mais desastroso, é que tudo isso passe despercebido,sem que se pare um pouco pra pensar.
Sem que se dê conta da poeira acumulada, dos restos de palavras guardadas, no fundo das gavetas e do peito.
As justificativas para deixar passar, quase como se não fosse, como se não houvesse nada a perder.
Pode bem parecer tranquilo, o poder de trancar a porta e engolir seco pra não ter que dizer.
...
Os passos cansados não valem tanto assim, não vale a miséria acomodada pra reclamar, o direito de ficar esquecido de si.
Não passa em branco, o cinza sujo da indiferença, a sentença pequena que insista pagar.
Por isso, levanta, mesmo que timidamente, planta a semente de um dia, o porvir.
Breve, todos deixaremos de estar e na sala vazia as palavras perdidas, não serão mais do que ecos.
...
Assim.

05 março 2007

Acha?!


Käthe Kollwitz - Auto-retrato

Eu tenho que me encarar;
de frente e olhos bem abertos.

Todo mundo já passou um ou outro constrangimento por ter que encarar suas dificuldades;
sofrimentos;
fraquezas;
podridões;
carências;
e por ai vai...

À medida que envelheço, que a vida anda, que o tempo muda;
ora minha cabeça estranha fica tomada de nuvens negras;
ora silencia, absorta em uma névoa e sussuros;
ora eu posso rir de todos meus sentimentos exacerbados.

Ao menos estou tentando encarar o qto ainda tenho que vencer a mim mesmo...
Isso é realmente algo que deve me consolar?

Se qto mais eu buscar, menos sentirei alcançar;
e se essa é toda a sabedoria da vida;
eu não sei, eu não sei.

Sei que agora não há ninguém aqui além de mim;
e isso é tão tranquilizadoramente bom;
tão amargamente ruim.
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Eu sei que é esquisito, mas acho que é com essas coisas que eu posso me identificar... e pautar:

Salmo 91:1
Aquele que habita no esconderijo do Altíssimo, à sombra do Todo-Poderoso descansará.

Salmo 91:2
Direi do Senhor: Ele é o meu refúgio e a minha fortaleza, o meu Deus, em quem confio.

Salmo 91:3
Porque ele te livra do laço do passarinho, e da peste perniciosa.

Salmo 91:4
Ele te cobre com as suas penas, e debaixo das suas asas encontras refúgio; a sua verdade é escudo e broquel.

Salmo 91:5
Não temerás os terrores da noite, nem a seta que voe de dia,

Salmo 91:6
nem peste que anda na escuridão, nem mortandade que assole ao meio-dia.

Salmo 91:7
Mil poderão cair ao teu lado, e dez mil à tua direita; mas tu não serás atingido.

Salmo 91:8
Somente com os teus olhos contemplarás, e verás a recompensa dos ímpios.

Salmo 91:9
Porquanto fizeste do Senhor o teu refúgio, e do Altíssimo a tua habitação,

Salmo 91:10
nenhum mal te sucederá, nem praga alguma chegará à tua tenda.

Salmo 91:11
Porque aos seus anjos dará ordem a teu respeito, para te guardarem em todos os teus caminhos.

Salmo 91:12
Eles te susterão nas suas mãos, para que não tropeces em alguma pedra.

Salmo 91:13
Pisarás o leão e a áspide; calcarás aos pés o filho do leão e a serpente.

Salmo 91:14
Pois que tanto me amou, eu o livrarei; pô-lo-ei num alto retiro, porque ele conhece o meu nome.

Salmo 91:15
Quando ele me invocar, eu lhe responderei; estarei com ele na angústia, livrá-lo-ei, e o honrarei.

Salmo 91:16
Com longura de dias fartá-lo-ei, e lhe mostrarei a minha salvação.

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Samba do grande amor

Tinha cá pra mim
Que agora sim
Eu vivia enfim o grande amor
Mentira

Me atirei assim
De trampolim
Fui até o fim um amador
Passava um verão
A água e pão
Dava o meu quinhão pro grande amor
Mentira

Eu botava a mão
No fogo então
Com meu coração de fiador
Hoje eu tenho apenas uma pedra no meu peito
Exijo respeito, não sou mais um sonhador
Chego a mudar de calçada


Quando aparece uma flor
E dou risada do grande amor
Mentira

Fui muito fiel
Comprei anel
Botei no papel o grande amor
Mentira

Reservei hotel
Sarapatel
E lua-de-mel em Salvador
Fui rezar na Sé
Pra São José


Que eu levava fé no grande amor
Mentira

Fiz promessa até
Pra Oxumaré
De subir a pé o Redentor
Hoje eu tenho apenas uma pedra no meu peito
Exijo respeito, não sou mais um sonhador
Chego a mudar de calçada
Quando aparece uma flor
E dou risada do grande amor
Mentira

14 fevereiro 2007

Poucas palavras


Retoque digital sobre foto:
Valour and Cowardice
Alfred Stevens (1817-1876)

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Semana passada, no Sarau da Pastorarte, um performático "over" distribuiu papeizinhos com mensagens durante sua performance "contundente". Eu ganhei essa:
"O medo tem alguma utilidade, mas a covardia não." Mahatma Gandhi
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Já faz uns dias que eu to me achando estranho e não consigo saber se isso é bom ou ruim.
Uma coisa me agrada, estou ousando em pequenas doses, pensando em ser feliz.
Considerando que eu sou eu, isso já é um puta de um avanço.

11 fevereiro 2007

Amanhã


É dia de começar,
de ter força e boa vontade,
de estar disposto.

É um dia depois da viagem,
quando as lembranças começam a desaparecer.

Pelo menos pra mim, que não vou ficar falando da viagem.

Sou do tipo que não fica falando muito do que aconteceu,
parece que qdo eu contar algo,
aquilo que realmente aconteceu,
acaba de perder a chance de contunuar, tal como foi,
cai enfraquecido pela minha versão dos fatos,
fadada a ser uma visão entre tantas.

Parece um a grande frescura da minha parte, dizer isso,
mas não é, mesmo.

Eu sinto que é dessa forma e contra meu sentimento nada se pode alegar.

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

Ao contrário de minha concordância com Zeca Baleiro em um post passado,
agora queria ser feliz, ou triste, tanto faz.

Não queria estar no limbo do fim de uma viagem,
rumo a uma semana "comum".

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

Sabia que tinha que escrever sobre isso,
assim que comecei um incômodo foi se dissipando...

Parece que muitas coisas mudam e a vida continua a me surpreender.
Voltar de uma viagem dessas não foi doloroso como de outras vezes.

Conhecer um pouco melhor as pessoas e a mim mesmo,
nunca deixa de ser impressionante, as vezes amargo,
as vezes, de nos fazer sorrir, sempre essencial.

Aquilo tudo que deixamos no passado,
mais, ou menos recente,
pode nos acorrentar, pesar, ressentir...

Muitas vezes me fez melancólico, com medo de perder,
o que, na verdade, já não tinha.

Ai, que graça, toda essa falação minha.

Quanta falta de ritmo e compasso,
Quantas idéias atravessadas, sobre tantas coisas...

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

Engraçado como a gente esquece que não esta na vida,
para congelar no feezer e depois esquentar no microondas.

Tudo passa e é essa passagem a razão de sermos assim e aqui.

Aqui são todos os lugares de nossas vidas,
cenários únicos dessa novela,
assim, todos esses sentimentos que temos,
e os outros nunca poderão entender,
agora, é o tempo e toda essa história,
me dizendo que essa é a hora,
de sorrir, calar e em silêncio, dar graças...

Boa noite.

04 fevereiro 2007

Sabe...



Tenho sede,
nessa tarde quente em que o sol racha os pensamentos ao meio,
estou ansioso para não ter receios,
com vontade de não me render à preguiça,
para não deixar, que o amarelo enfadonho, das horas sem motivação,
venha me mumificar e expor-me num museu.

Cheio de vontade de ter idéias,
embora elas ainda passem, sem deixar a exata lembrança,
do que eu precisava, para não as esquecer.

Cansado,
de ler textos cheios de pretensão,
de serem letras cultas ou descoladas,
algo que se deve ler.

Me sinto,
dobrado ao meio e desbotado,
surrado e gasto da vida,
igual as boas calças jeans.

Assim,
passando a mão no rosto pra ficar acordado,
pra não ter aqueles meio-sonhos,
misturados com flashs do cotidiano sacal.

Meio enjoado,
como se um reflexo cegante do sol num espelho,
me despertasse forte ânsia, pra vomitar.

Até que não seria mal.
.............................................
As vezes,
essas coisas e estados comuns não são suportáveis,
nosso corpo dói e arde por um pouco de vida,
mais intensa e sentida, mais cheia de vontade.

Quero tomar um susto,
quero ser o vilão injusto sentenciando os inocentes,
levar um murro que me quebre a cara,
acordar da inconsciência sem saber pra onde ir.

Esconder-me,de perseguidores à espreita, de cães a rosnar,
sussurrar perigosos segredos, mortais ou nem tanto,
descerrar o manto, fazer cair o véu.

Sair,
correndo entre becos escuros, caindo e levandando,
respirar cansado, sedento, sem alento,
desesperar-me até gelar a espinha, cegar e ruir.
.............................................
Depois,
tudo isso que não foi, mas é como se sim,
fica aqui comigo, parte de mim,
me enevôa e ritma a mente,
entre louco e indecente,
me conforta pra dormir.

29 janeiro 2007

Deja vu


Eu sei sim, já vi tudo isso acontecer.
A gente se apega às pessoas, aos relacionamentos, amizades, contextos de vida, aos hábitos e até aos objetos, confortos e posses. Parece que não pode viver sem aquilo.
Mentira e ilusão.
No meio de todo o processo pra descobrir isso, pode haver um turbilhão de sentimentos, de apego, rancor e mágoa, saudade e melancolia. Pode existir um coração que ameaça enrijecer para protejer-se de eventos futuros. Pode haver um olhar vazio que não se fixa muito mais, pra não correr o risco de se afeiçoar.
Mas esses extremos só servem bem as almas ainda pequenas, ou os propósitos das novelas e folhetins.
Não que seja doce ou tão fácil aprender, mas nesses desapegos, sem perder o valor bem medido de cada coisa, que vamos crescendo.
Nos tornando mais sólidos em nós mesmos, sem precisar por isso prescindir do valor da amizade, de compartilhar os bons momentos e os não tão bons.
Sem precisar fazer de nosso peito um desrto, para poder sentir o alívio de achar um oásis e sobretudo pra reconhecer, a cada experiência, mais e melhor, que não somos o centro do mundo....Já que o que importa é buscar o centro de nos mesmos, para nos mantermos equilibrados e caminhar rumo à inevitáveis saudades e gratas surpresas que irão surgir.

28 janeiro 2007

Depois que passa




(O Velho Moinho- Vincent Van Gogh)

A fome, a chuva, a doença, a saudade...
Fica um silêncio, um eco, fica uma vontade,
De que tudo se reforme,
Que o navegador dobre de novo,
O Cabo da Boa Esperança.

Fica uma lembrança congelada,
sem aroma, sem textura e sabor,
que vai amarelecer e desmanchar,
soprada pelo vento, se perder,
até amanhã, ou depois.

Depois de virada a página,
depois de esquecida a fotografia,
o pó assume esse domínios,
lento mais incansável,
tomará toda essa Quinta Perdida.

Então, um dia se somará aos outros,
as folhas viradas do calendário,
sem legenda, sem sumário,
cardápio farto para Cronos, devorador.

Mais tarde, pórem,
visto a vida dar-se em ondas,
como um entulho na praia,
ainda irá voltar.

Olharemos assim, entortando o pescoço,
num esforço para reconhecer,
de onde vem essa familiaridade,
até que venha um gosto amargo na boca,
ou uma terna melancolia,
a Fênix a renascer.

Nesse instante toda a espiral do tempo,
desmancha e cai,
podemos logo nos ver de volta,
tantos anos antes, tanta vida antes...

...

Quem será que vai deixar essa porta aberta,
quem vai esquecer o sinal de alerta,

Quem vai rápido balançar a cabeça,
pra logo esquecer?

Pra ficar só aqui



Coloco essas poucas palavras,
pra registrar a falta que sinto,
provavelmente de algo, que nunca existiu,
não do jeito que achei que fosse.

Você até deve ler aqui e pensar,
mas vai fingir que não leu, ou não,
não,
realmente não importa mais,
deixa prá lá, ficou no passado...

Me dá saudade,
mesmo assim.

27 janeiro 2007

Em processo



Meu coração ficou apertado,
revoltoso, embora mirrado,
não fez-se de rogado,
arrebentou as costelas,
vazou pra fora do peito.

Com cara de indignado,
deu a volta ao meu redor,
mirou-me sem respeito,
deixou claro não gostar do que viu,
disse adeus e partiu.

Eu fiquei ali, vazio,
meio sem jeito,
meio suspeito,
a duvidar de tudo e de mim.

Depois de muito tempo confuso,
amontoei minha trouxa e fui,
andando pelo mundo,
a estranhar tudo que era sentimento,
por fora e por dentro,
não tinha mais porque me iludir.
(um dia isso ainda será um ecrito mais profundo e maior, mas agora ainda não é o tempo)

25 janeiro 2007

Eu não queria



Que passasse assim, tanto tempo, sem que eu pudesse dizer...

Comecei a semana fazendo coisas simples, que há muito não podia.
Lavar quintais, ajudar na limpeza e compras da casa, fazer uma comida especial, colher acerola e fazer suco...ai, ai, ai ai...que bucólico :P

Mas também comecei a fazer coisas demais ao mesmo tempo, correndo pra um lado e pro outro fazendo cotações, falando com fornecedores, ainda vendo compromissos com a empresa antiga.

Também estou me sentindo cheio...acho que é essa coisa de parar de fumar, tô comendo demais.

Engraçado...não é reclamar não, que eu to achando muito bom essa fase de desvinculação definitiva e preparação para o futuro, mesmo já em meio a tantos compromissos para atender.

Sabe o que é incrível? Isso me faz perceber o quanto eu ainda tenho que e quero trabalhar para mudar. Que tem que ser de dentro para fora e que todo muito será pouco, caso não seja exatamente aquilo de que precisamos.

No começo da semana pensei na figura da temperança e achei um tal "Pequeno tratado das grandes virtudes".
Agora eu sei bem pq me veio esse interesse. Agora eu sei, que muito mais eu tenho que saber:

"Portanto, é próprio de um homem sábio usar as coisas e ter nisso o maior prazer possível (sem chegar ao fastio, o que não é mais ter prazer).” A temperança se situa quase toda nesse parêntese.

É o contrário do fastio, ou o que leva a ele; não se trata de desfrutar menos, mas de desfrutar melhor. A temperança, que é a moderação nos desejos sensuais, é também a garantia de um desfrutar mais puro ou mais pleno. É um gosto esclarecido, dominado, cultivado. Spinoza, no mesmo escólio, continuava assim:

“É próprio de um homem sábio, digo eu, mandar servir em sua refeição e para a reparação de suas forças alimentos e bebidas agradáveis ingeridos em quantidade moderada, como também perfumes, o adorno das plantas verdejantes, os adereços, a música, os jogos que exercitam o corpo, os espetáculos e outras coisas da mesma sorte, de que cada um pode fazer uso sem prejuízo para outrem.”

A temperança é essa moderação pela qual permanecemos senhores de nossos prazeres, em vez de seus escravos. É o desfrutar livre, e que, por isso, desfruta melhor ainda, pois desfruta também sua própria liberdade.

Que prazer é fumar, quando podemos prescindir de fumar! Beber, quando não somos prisioneiros do álcool! Fazer amor, quando não somos prisioneiros do desejo! Prazeres mais puros, porque mais livres. Mais alegres, porque mais bem controlados. Mais serenos, porque menos dependentes. É fácil? Claro que não."

in , Pequeno Tratado das Grandes Virtudes
De André Comte-Sponville
Ed. Martins Fontes, São Paulo, 1999
Tradução de Eduardo Brandão

21 janeiro 2007

Tão longe e tão perto



As vezes parece que a vida deslancha um pouco, parece que o ritmo das coisas que estavam atravancadas se modifica, libera a onda e vai. As vezes quem não vinha há muito tempo aparece e a gente pode matar a saudade.

As vezes não há nada melhor que poder sentar à mesa de um bar e contar aos amigos sobre tudo que esta acontecendo. Melhor ainda se a saudade, for de bastante tempo. Acho que o coração foi feito, com a idéia de trabalhar diferente, em muitos momentos como esse, na vida de alguém. Acho que todo mundo merece.

As vezes a gente lembra de alguém com quem brigou, teve desafetos e desentendimentos e um grande ponto de interrogação se forma, vai ganhando espaço, como um eco. Esse é um bom sinal...logo poderemos reconsiderar o que passou com a saudável dimensão do tempo nos afastando dos sentimentos aflorados.

São muitos pensamentos passeando agora, pela imagem de diversas pessoas.
Hoje falei com minha mãe pelo telefone e ela disse que se preocupa comigo, com o fato deu ainda não ter conquistado o que ela acha que eu mereço. Caramba! Me surpreendi com essa fala e nem sei pq.

Hoje vou rever uma amiga que não vejo a muito tempo...
Faz tempo ela viajou para o México e nunca mais nos vimos, mesmo ela já tendo voltado para o Brasil faz tempo. Engraçado...lembrei que quando ela estava no aeroporto, aguardando o voô para voltar ao Brasil, nos falamos pelo msn. Tão longe e tão perto. Depois fiquei sabendo que ela estava falando com meu amigo, também por msn, mas essa já é outra história.

Bem vinda em sua breve estada, breve é quase tudo nessa vida, hoje em dia, a não ser que a gente coloque um pouco de história e sentimento, a não ser que a gente registre, na memória e no coração.

(Para Ana Cláudia)


Quando escolhi a imagem que anteriormente ilustrava esse post, sabia que não era aquela, embora fosse uma bela foto do filme "Tão longe, tão perto" do Wenders, que tem por tema aquela música massa do U2 e tb deu origem ao melado "Cidade dos Anjos"...

Enfim, agora achei. Essa é a capa de um dos filmes mais bonitos que já vi. Um drama intenso, mas que o tempo todo me trouxe a sensação de "melancolia confortada". As paisagens, a música...o clima é perfeito e a atuação impecável.

20 janeiro 2007

Sem novos desafios


René Magrite

Eles serão exatamente os mesmo que enfrentei aqui, todos os dias, durante 10 anos:

- Aprender a ouvir: Nada pode parecer tão fácil e ser tão difícil
- Não ser nem muito tolerante, nem muito egoísta, ambos exageros fazem mal para o fígado
- Sem senso de humor a gente fica chato e insuportável, até pra gente mesmo
- Julgar, alimentar expectativas e subestimar os outros, são formas de fugir de suas próprias limitações
- Aceitar-se e aos outros, sem perder a vontade de mudar
- Ter opinião e saber dosá-la, "hay que endurecer, pero sin perder la ternura jamás" :P

Afinal, a vida É simples, a gente que complica.

Obrigado a todos por me ensinarem isso e muito mais.
Só me resta aprender :)

.......................

Esse foi meu e-mail de despedida, enviado em meu último dia na Lecom.

16 janeiro 2007

Pra entender de onde vem


"Mentira" - Créditos não encontrados

O nome desse blog é uma referência à minha data de nascimento, ao eterno questionamento sobre os "status quo" e muito intensamente sobre meu atual momento de vida.
Pra entender a origem histórica:

"A França era um país absolutista nesta época. O rei governava com poderes absolutos, controlando a economia, a justiça, a política e até mesmo a religião dos súditos. Havia a falta de democracia, pois os trabalhadores não podiam votar, nem mesmo dar opiniões na forma de governo. Os oposicionistas eram presos na Bastilha (prisão política da monarquia ) ou condenados à guilhotina.
A sociedade francesa do século XVIII era estratificada e hierarquizada. No topo da pirâmide social, estava o clero que também tinha o privilégio de não pagar impostos. Abaixo do clero, estava a nobreza formada pelo rei, sua família, condes, duques, marqueses e outros nobres que viviam de banquetes e muito luxo na corte. A base da sociedade era formada pelo terceiro estado ( trabalhadores, camponeses e burguesia ) que, como já dissemos, sustentava toda a sociedade com seu trabalho e com o pagamento de altos impostos."
...
"A situação social era tão grave e o nível de insatisfação popular tão grande que o povo foi às ruas com o objetivo de tomar o poder e arrancar do governo a monarquia comandada pelo rei Luis XVI. O primeiro alvo dos revolucionários foi a Bastilha. A Queda da Bastilha em 14/07/1789 marca o início do processo revolucionário, pois a prisão política era o símbolo da monarquia francesa.
O lema dos revolucionários era " Liberdade, Igualdade e Fraternidade ", pois ele resumia muito bem os desejos do terceiro estado francês."

Wikipedia

15 janeiro 2007

Nós vamos chegar





Na hora certa
Na medida perfeita
Falta pouco para comemorar

E quando estivermos juntos, comemorando essa conquista tão sonhada, meu gesto de agradecimento será uma reverência silênciosa.

...

Esses dias redescobri o último CD do "Coldplay" e a música "Square One'.
Olhando sua tradução, me apaixonei por esses versos, que agora também são meus, pelo quanto me fizeram pensar e sorrir. Comentei com meu amigo que essa letra me lembra muito "Primeiro Andar", do "Los Hermanos"...show!

Ai Vai um trecho traduzido:

...

Square One (seria primeira opção?)

Você está no controle
Há algum lugar onde você queira ir?
Você está no controle
Há algo que você queira saber?
O futuro é para ser descoberto
O espaço em que viajamos

Do topo da primeira página
Ao fim do último dia
Do começo a sua própria maneira
Você só quer alguém ouvindo o que você diz
Não importa quem você é

Debaixo da superfície tentando ultrapassar
Decifrando os códigos em você
Eu preciso de uma bussola, desenhe um mapa para mim
Eu estou no topo, eu não posso voltar...

09 janeiro 2007

Deixa estar




Que toda essa passagem valerá a pena
Além da vontade, dos mandos e desmandos
Além da razão, você também está, à partir

Deixa que role uma lágrima
Por dentro e por fora, não demora
Ela vem nos redimir

Afasta esse ar parado, nuvem de humores ao seu lado
Dobra em três partes um manto santo
Coloca em seu peito pra te ajudar a respirar

Não vejo, mas sinto, seus dedos
Contando as contas do terço
Das ações que viram vontade pra nos salvar

...........................................

Vc ainda busca o que fazer pra ser feliz
De tantas coisas que deseja, não é fácil escolher

Eu ainda busco me conhecer, com ou sem novas escolhas
Ainda me falta paciência, embora não pareça tanto assim

Você precisa enxergar

Eu preciso crescer

...........................................

Eu vejo a paisagem, as vzs como suas fotos, as vzs como minhas palavras
Em preto e branco, pela preferência de não ser muito intenso
Paro e penso...enquanto você se impacienta, precisa agir

Muita música as vezes atrapalha, concluo eu
Enquanto você precisa levar uma de suas irmãs para algum lugar

Sim, eu posso ficar muito tempo sem dormir
Não, você não pode deixar de dizer, o que está entalado aqui

...........................................

O silêncio vai atrapalhar mais uma vez?
Quase pálida, mesmo a minha tez
As rimas mal feitas, ou alguns horários desencontrados
Quem sabe, talvez...

...........................................

Não deve ser por nada disso que alguém se dá ao trabalho de escrever
Mas por mim, também, não será por promessas ou clichês

O que será, por você?

05 janeiro 2007

Inspiração



Não pode haver
nessa ou qualquer outra
condição

carinho maior
lembrança mais dedicada
sorriso a qualquer hora

admiração
referência
devoção

pode haver um parque
um jardim com mesas amplas
o som de vozes conhecidas
em músicas e conversas

abraços de festividades
e muitas memórias
de todas as águas

um sopro de brisa
e salada
carne bem passada
cerveja gelada

não pode haver
espaço
para o que não vale
o que não é valor
o que não cativa
o que não toca o coração

só pode haver
a melodia
natural
daqui e das outras
terras das nossas origens

também pode
um olhar perdido
que tenta antecipar
o futuro escondido no tempo

olhar que logo retorna
e se volta
aos olhos que prendem
acolhem e incentivam

olhar pode
pode tudo que é bom
enquanto pessoa humana no mundo
que ainda nao é defunto
e tem bem que aproveitar
aqui
pra viver
e amar!

:)

(Para Marisa de Lima, em 07/12/2002)

03 janeiro 2007

Seria cômico mesmo que não fosse



Caramba...incrível.
Dei risada de mim mesmo. Estava com medo de escrever o 1º post do ano...
:P
Muita expectativa. Quase que eu amarelei hoje.
Pro meu alívio, coloquei uma música do Zeca e ... puuuutz, tudo a ver.
Minha casa...aqui é minha casa virtual, não dá pra ficar com medo de colocar, o que eu quiser...sem grandes cobranças.
Tipo...deixar uns pés de meia na sala.
O legal é que a letra fala tudo o que eu queria e já tentei dizer algumas vezes aqui.

Não quero ser trite...Não quero ser alegre...Nem quero ser estanque :)))
Perfeito isso!
Aí vai a letra toda:

Minha Casa
Zeca Baleiro

É mais fácil cultuar os mortos que os vivos
mais fácil viver de sombras que de sóis
é mais fácil mimeografar o passado
que imprimir o futuro
não quero ser triste
como o poeta que envelhece
lendo maiakóvski na loja de conveniência
não quero ser alegre
como o cão que sai a passear com o seu dono alegre
sob o sol de domingo
nem quero ser estanque
como quem constrói estradas e não anda
quero no escuro
como um cego tatear estrelas distraídas
quero no escuro
como um cego tatear estrelas distraídas

amoras silvestres no passeio público
amores secretos debaixo dos guarda-chuvas
tempestades que não param
pára-raios quem não tem
mesmo que não venha o trem não posso parar
tempestades que não param
pára-raios quem não tem
mesmo que não venha o trem não posso parar

veja o mundo passar como passa
uma escola de samba que atravessa
pergunto onde estão teus tamborins
pergunto onde estão teus tamborins
sentado na porta de minha casa
a mesma e única casa
a casa onde eu sempre morei
a casa onde eu sempre morei
a casa onde eu sempre morei